Recordou-se da primeira apresentação, das mãos trêmulas segurando o arco, do frio na barriga diante do olhar inquisidor da plateia e professores. Naquele momento, diante de tudo e de todos, ela se recordou do velho, e da mesma forma que ele fazia, conseguiu encantar toda a plateia. Até que voltou a realidade. O horizonte tornara-se uma escuridão completa. Olhou para o curativo que tão docilmente o marido fizera na luta para salvá-la e viu que tinha perdido a mão. O velho tornara-se cinza, e a música fora convertida em silêncio. A brisa marítima carregava consigo o frio, onde o balanço rítmico do mar já deixava de incomodar. Começou a chorar. O que significa uma lágrima na imensidão do oceano..., pensou enquanto usava a mão, que havia sido coberta com uma compressa, para secar o rosto. Sentiu dor. Uma dor menos intensa do que a dor que sentia ao olhar para o estojo do violino.