Timeu de Locros era, até então, a única obra do Corpus Platonicum ainda sem tradução para o português. De autoria controversa, o tratado sobre cosmologia foi atribuído tanto ao próprio Timeu de Locros (filósofo e matemático pitagórico do séc. V a.C.) como ao notório filósofo grego Platão (séc. IV a.C.), uma vez que Timeu de Locros foi personagem em dois de seus diálogos, inclusive, um deles intitulado com o seu nome: Timeu. As querelas acerca da autenticidade se prolongaram até o séc. XVII, quando então a obra foi considerada definitivamente apócrifa para ambos os autores, como também, possivelmente, nem mesmo escrita por um filósofo da antiguidade. Estudos posteriores situaram o trabalho como supostamente originário da Alexandria, redigido entre I a.C. e I d.C. Assim, tão logo considerada espúria, a obra foi progressivamente sendo "esquecida", até não mais integrar, desde o início do século XX, as "obras completas" de Platão. O escrito representa uma retomada da cosmologia platônica e pós-platônica, inclusive com influência aristotélica, cujo interesse é partilhado tanto por estudiosos como interessados em geral em filosofia, cosmologia e religião antiga.