Reencantar o mundo ressignifica as categorias marxistas, reinterpretando-as em uma perspectiva feminista. Acumulação é um desses conceitos, assim como reprodução. Luta de classes é um terceiro, inseparável do quarto, capital. Para Federici, a teoria do valor do trabalho ainda é a chave para entender o capitalismo, embora sua leitura feminista redefina o que é trabalho e como o valor é produzido. Ela mostra, por exemplo, que a dívida também é produtiva para o capital: uma poderosa alavanca de acumulação primitiva empréstimos estudantis, hipotecas, cartões de crédito e microfinanças e um mecanismo de divisões sociais. A reprodução (educação, assistência médica, pensões) tem sido financeirizada. Esse cenário vem acompanhado de uma deliberada etnografia da vergonha, sintetizada pelo Grameen Bank, que toma até as panelas dos empreendedores inocentes e empobrecidos que atrasam os pagamentos.