Durante os vinte e um anos de ditadura civil-militar no Brasil, duas iniciativas surgiram: o grupo Clamor e o projeto Brasil Nunca Mais (BNM). As Forças Armadas (FAs) tomou de assalto o poder através das armas e com apoio da ala ultraconservadora da sociedade brasileira e da CIA. Inicialmente, o grupo Clamor reagiu atuando na defesa dos direitos humanos dos(as) desaparecidos(as) políticos(as) e foragidos(as) das ditaduras do Cone Sul. Sua rede de solidariedade sem fronteiras amparou familiares que buscavam por entes desaparecidos pelas mãos da ditadura. Conseguiram divulgar em três línguas português, inglês e espanhol os crimes que aconteciam nos campos de concentração da Argentina, Uruguai e Chile. A pressão pública contra aquelas ditaduras acirrou-se depois do Clamor. O BNM foi a exposição pública dos crimes da ditadura e de seus autores. Conseguiu realizar uma operação digna de cinema: fotografias de pessoas mortas sob torturas, cursos de torturas com cobaias humanas presos(as) e pessoas em situação de rua sequestradas para oficiais das FAs, espionagem, assassinatos, desaparecimentos, depoimentos pau-de-arara e todo um serviço de inteligência que atua até hoje. A redemocratização no Brasil e a Lei de Anistia formam um acordão feito na marra. Os criminosos da ditadura foram anistiados e a verdade nunca foi tão questionada. Este livro é um instrumento de justiça de transição e de não repetição dos crimes de lesa-humanidade que a ditadura cometeu.