Obras Completas Ii - Vol. 2

O volume II das Obras Completas de Miguel Baptista Pereira (1929-2007) reúne os trabalhos que o autor dedicou a temas de História do Pensamento Moderno e Contemporâneo e a questões de hermenêutica da historicidade e da modernidade. Ambos se inscrevem em dimensões nucleares do pensamento do autor, que se pressentem já na tese de doutoramento sobre Pedro da Fonseca: Ser e Pessoa (1967) e se revelam em Originalidade e Novidade em Filosofia. A propósito da Experiência e da História (1977). Em 1982, surgia a investigação do tríptico – modernidade, iluminismo e secularização. Invocando as transformações da sociedade moderna no sentido de uma comunidade aberta e orientada pelo direito, o autor considerava que as novas condições sociais motivavam o repensamento do significado epocal do Iluminismo. A historicidade é compreendida como processo reflexivo da «História das Ideias» e da História da Filosofia, círculo que o autor aprofunda nos trabalhos da década de 1990, ao mostrar como a crise da Metafísica Ocidental se tem de entender como parte essencial da crise da modernidade como um todo. Na Hermenêutica do Iluminismo, que se propôs desenvolver, o século XVIII é de importância central. […] Nas mutações históricas que caracterizam o processo do Iluminismo tem para o autor um valor especial a secularização, que começa por conceber como «nova forma de liberdade e autonomia» que determinará «o modo de ser-no-mundo do homem moderno». O autor inicia uma descrição histórico-sociológica do mundo moderno na sua relação com as formas tradicionais da fé, de grande relevância para a autocompreensão da Teologia, na medida em que esta disciplina requer um discernimento da modernidade como época de suspensão da soberania integral da fé na representação do sentido da existência humana. Ora, é no quadro da autocompreensão da Teologia como ciência, num mundo que prescinde de uma relação interior com a fé, que Baptista Pereira vai situar aspectos substanciais do recurso à secularização como categoria histórica. (Da nota editorial de Edmundo Balsemão Pires)
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