O Veludo Das Lagartas Verdes

Um trem leva Antonio de sua pequena cidade até a distante capital do estado, que ele nunca visitara. Seu objetivo é encontrar Estevão, o filho único que, tempos atrás, partira em busca de melhores oportunidades de trabalho. A única informação que ele tem do paradeiro do filho é o endereço de uma pensão próxima ao centro da idade. Mas aquele antigo sobrado em breve será demolido, juntamente com outras construções do bairro para dar lugar a uma grande estrutura de avenidas e viadutos. Na pensão, ele trava relacionamento com outros hóspedes, que lhe trazem algum conforto e apoio em sua busca. Em especial, ele se afeiçoa ao filho da dona da pensão, um adolescente com amizades perigosas e que parece saber sobre o destino de Estevão mais do que aparenta. É a partir daquele prédio condenado à demolição que Antonio começa a jornada para encontrar Estevão, enquanto tenta entender um mundo muito diferente daquele que conhecia em sua terra natal. Ao mesmo tempo, ele testemunha a transformação de uma capital quase provinciana em uma metrópole desumana e violenta, como é a maioria das grandes cidades. Mas em meio ao desânimo e ao desencanto, ele descobre as borboletas. Final dos anos 1970. Antonio deixa pela primeira vez o pequeno vilarejo onde mora no interior para sair à procura de Estevão, seu filho que partira, anos antes, rumo à capital do estado. A única informação que tem para iniciar a busca é o endereço de uma pensão, mas ela está prestes a desaparecer em meio a obras que transformam um tradicional bairro de Belo Horizonte num torvelinho de tratores, poeira e implosões. O premiado escritor João Batista Melo mescla seu estilo poético às influências do neorrealismo italiano e do policial noir de Hollywood para contar a jornada de um homem à procura não somente de um filho, mas da compreensão dos destinos de sua pequena família e de sua própria existência. Melo demonstra possuir traquejo e imaginação prodigiosa ao compor frases e escolher palavras. Bernardo Ajzenberg, Folh