Reúnem-se aqui, de maneira ponderada e coerente, 15 marcos de uma extensa crítica orientada pela clínica psicanalítica e a criação artística acerca do habitar em suas indeterminações entre verbo e substantivo, bem como em suas distinções em relação a morar e morada. Como guias dessa crítica, destacam-se a atenção do autor aos perigos que decorrem toda vez que os propósitos psicanalíticos abandonam o lugar que os legitima, a saber, o encontro clínico e a transferência, e o inabitável que reside no âmago do habitar e que não se deve confundir com condições de vida insalubres, indecentes ou indignas. Alocados em cinco partes, os textos balizam, a princípio, os fundamentos metapsicológicos e as clínicas do habitar. Não apenas examinam a hospedaria neurótica, o monumento perverso e as construções delirantes, como também embasam modos de lidar com o hábitat histérico, a voz na paranoia e a deambulação na doença de Alzheimer, com ênfase na contribuição das mediações terapêuticas pela arte. Em seguida, as referências espaciais fornecidas por Frédéric Vinot abordam questões antropológicas e coletivas, à luz da lógica pulsional que informa o que se circunscreve nos termos de um mal-estar no habitar e o Outro urbano. Em particular, a geo-grafia dos serviços públicos e sociais de atendimento móvel de urgência, e o trabalho de luto decorrente de dois atentados ocorridos na França: na sede do jornal Charlie Hebdo, em Paris, em janeiro de 2015, e na Promenade des Anglais, em Nice, em julho do ano seguinte. Por fim, antes de chegarem ao seu termo com uma inspirada consideração da transferência como paisagem e da psicanálise como uma ecologia, cujos efeitos se afastam dos discursos motivacionais ou urbanísticos sobre a resiliência em voga, as estacas fincam os limites e as limitações de uma crítica literária psicanalítica, entendida como um modo de habitar a literatura. Com essas estacas fincadas, descortinam-se a conjugação do espaço no plural, o proveito de lugares de ruptu
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