O homem que choveu para sempre acompanha a via crucis de um sujeito torturado por sentimentos inconciliáveis ao tentar reconstituir os eventos que conduziram à trágica morte do único filho, durante confrontos entre policiais e manifestantes, numa passeata estudantil na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. Em meio a informações contraditórias, vídeos amadores e a suspeita de engajamento do rapaz na militância política de grupos radicalistas, o pai de Francisco possui como ponto de partida uma imagem apenas, estampada na camiseta que o filho vestia na ocasião: a reprodução dos fuzilamentos do Tres de mayo de 1808, de Goya. Ao mergulhar no universo imagético e imagístico de Goya para rastrear as prováveis causas desta fatalidade, o protagonista se lança a uma tortuosa investigação, legitimada pelo obsessivo método dedutivo com que trata todas as pistas que recolhe no processo: quadros, gravuras e cartas do pintor espanhol lançam sombras (e não luzes) sobre a busca da verdade, que ora se deixa entrever como vítima, prestes a sucumbir num mundo em que não há lugar para conceitos fixos, ora se manifesta como algoz, na maneira como justifica episódios de violência e barbárie. Marca: Não Informado