Os personagens estão presos no espelho, ou no móbile que guarda um “eu te amo” não dito. Suspensões, sustos, surpresas. Há pessoas que comem a própria carne irreconhecível, deleitam-se num prazer não compartilhável e outras ainda que desaparecem no mar. Mas não afundam. Reaparecem intactas sobre a areia e as ondas brancas. Gabriel Alvarenga nos apresenta, nesses dez contos, um livro insidioso onde o cotidiano é levado ao limite e, assim, desviado. Essa afronta ao cotidiano está presente em todo o livro – é dele que os personagens libertam-se – seja de forma mais direta e crua, quando uma ação mais clara incide na realidade; seja em desvios mínimos capazes de transformá-lo, quando há o gozo de uma ação muito sutil.