O livro Nem sempre o Danúbio é azul: qual destino para o infantil no tempo das funções parentais terceirizadas? serve-se dos mestres da psicanálise, de autores psicanalistas e de autores de outros campos do saber para apresentar a ideia de que a criança elevada à condição de majestade foi gerada pela modernidade em função de seu contexto histórico, em que ela foi considerada a peça fundamental para a realização de seu projeto. Para tal, houve uma supervalorização da criança e, consequentemente, um maciço investimento, tanto do espaço familiar quanto do social, sobre ela. Por sua vez, o mundo contemporâneo gerou “a criança mal-acolhida”, visto haver um esvaziamento no que diz respeito às funções primordiais, já que foram terceirizadas em nome de um contexto sociopolítico-econômico que, movido pelo imperativo econômico e pautado na lógica do capitalismo neoliberal, esmaga todo e qualquer valor que alimente a alma de vida.