Eu penso nesse momento que a morte deixa um nome, o nome que desafia o tempo, a palavra que define a perda, o já perdido e irrecuperável, o nome que sobrevive a tudo e guarda todas as recordações. Mãe. Essa é a palavra que fica. E nessa palavra moram todas as mães mortas do mundo e as que ainda vão morrer, as que ainda nem nasceram, as mulheres que não serão mães, mas que foram filhas e as infinitas lembranças de fins de tarde, de noites de ventania ou neve, de lugares onde o sol demora tanto a se pôr que. Moram as lembranças de todos os filhos que ficaram, estão e dos que ainda hão de nascer mãe.