Manual de Educação Antirracista: Propostas para o Currículo de Química

Este é um livro que não só professores de Química precisam ler. A leitura é exigência para quem vive neste país. único do mundo que escravizou tanta gente. mas tanta que nestes mais de 400 anos naturalizou de forma brutal a escravidão [...]. O movimento negro empreendeu diversas lutas e a história que muitas vezes se conta na escola é a visão dos brancos. A rebelião foi contida. assim se lê. A Lei 10.639/03 é muito recente nesta história longa e não é suficiente. Este livro. no entanto. tem um foco específico: o currículo de Química resultado da ação do grupo Tia Ciata. O Brasil como o temos atualmente é resultado da cultura africana. Quem de nós. na nossa brancura. não aprecia uma feijoada? Quem de nós não faz uma parada em sua jornada de trabalho para uma pausa. uma prosa e um café? Quem de nós já não opinou sobre as diferenças de cabelo que percebemos especialmente nas meninas negras? Quem de nós nunca usou sabão em pedra? Quem de nós não precisa se proteger da ação cada vez mais ultraviolenta do Sul? [...]. O livro cumpre a solicitação de bel hooks para invenção. transgressão e alargamento de fronteiras de um currículo acadêmico herança de nossa colonização. E quando olharmos para muitas das grades de ferro envelhecida em janelas e muros de casas antigas podemos reconhecer símbolos africanos na estética dessas proteções. mas não só isso. a própria técnica da metalurgia da África herdamos. A branquitude é tão forte ainda no Brasil que muitos não se perguntam porque há poucos negros e negras em carreiras de prestígio. São contrários às cotas para ingresso nas universidades. mas apreciam uma boa refeição regada a leite de coco. saboreando receitas da tradição africana como o vatapá. o caruru. o mungunzá. o abará. o acarajé. entre tantos olores e sabores! Todos nós temos muito que aprender ainda e este livro é potente neste sentido. Maria do Carmo Galiazzi