“O reconhecimento de vieses de gênero interseccionais e transversais, mascarados pela aparência de neutralidade das Leis, é fenômeno relativamente recente. Visibilizá-los e desnaturalizá-los se tornam, em boa hora, imperativo moral e democrático. A partir de estudos feministas plurais, como as mulheres que representam, a autora discorre com objetividade, leveza e sensibilidade, sobre a temporalidade dos movimentos sociais, a decolonialidade e os direitos humanos das mulheres, em âmbito nacional e internacional. Juíza e pesquisadora de escol, cônscia da realidade do feminino que reúne diversos marcadores sociais de discriminação, mostra-se capaz de dar voz às silenciadas, em obra não só explanatória como crítica, que sugere rumos ao julgamento com perspectiva interseccional de gênero, tratado como obrigação jurídica que se impõe a toda a magistratura brasileira. Ao abordar o Protocolo 2021 como um instrumento funcional e um método para capacitar o Estado à correção de desigualdades e danos sofridos pelas trabalhadoras, intenta erradicar a condição de subcidadania de parcela da população. Visa, parafraseando Maya Angelou, a que “como o ar”, “com a certeza da onda no mar, como a esperança emergindo na desgraça”, essas mulheres se levantem e, assim, todos nos elevemos. Afinal, a igualdade deve ser construída e a dignidade perseguida, sem limites. Um livro aprofundado, bem escrito e inspirador”.