Este Livro É Uma Entrega. Quando Escrevem Memórias, Escritores Se Prendem Aos Fatos, Mas, Nem Sempre, Confiam Ao Leitor Os Sentimentos. Aqui Não. Em Icarahy, Livia Garcia-Roza Mostra Que Sem Os Sentimentos, Os Fatos Desbotam. Não Basta Se Confessar. É Preciso Que, Junto Com A Memória, Um Coração Lateje. Livia Começa Com Uma Reflexão A Respeito Dos 80 Anos. O Problema Não É Envelhecer, Mas Continuar Envelhecendo , Diz. Suas Memó-Rias Partem Do Pressuposto De Que Nada É Fixo. Não Trazem Fotografias Congeladas, Mas Recordações Vivas, Pulsantes. Relembrar É Continuar A Viver. Nas Lembranças De Juventude, Que Vão Até O Terceiro Casamento Com O Professor Luiz Alfredo Garcia-Roza, Falecido Em 2020, Livia Não Faz Pose, Nem Estilo. Escreve Em Tom De Conversa Franca, Como Se O Livro Fosse Gravado, Em Algum Café Ou Consultório De Analista, E Não Escrito. Agindo Assim, Ela Confere Ao Leitor Não Só O Papel De Testemunha, Mas De Confidente.