A partir da segunda metade do século XX, os avanços tecnológicos vêm sendo aplicados na área da saúde em todos os níveis de atenção. Consequentemente, presenciamos o crescimento exponencial do conhecimento científico, tornando o tratamento mais efetivo e aumentando a esperança dos doentes. Entretanto, a doença passou a ser interpretada como um desvio de variáveis biológicas em relação ao normal, sendo considerada como um fenômeno biológico de causa-efeito. Desde então, aumentou a tendência de o corpo humano ser analisado como uma máquina, minimizando os aspectos sociais, psicológicos e comportamentais. Com a introdução da tecnologia digital o mundo tornou-se mais acelerado e a relação entre os humanos se transformou. Se por um lado intensificou os meios de comunicação, por outro, muitas vezes nos faz esquecer da importância de cultivar relações humanas autênticas e significativas. Os estudos mostram que metade dos eventos adversos intra-hospitalar ocorrem devido a comunicação inapropriada e a falta do trabalho em equipe. A dimensão humana física, psicológica, cultural e social, assim como os padrões e as variabilidades na comunicação verbal e não-verbal, precisam ser considerados nas relações entre os profissionais da saúde e destes com os doentes e familiares, pelos que almejam a assistência de excelência. Nesse contexto, é extremamente honrosa a deferência que a nós foi concedida pela Professora Izabel Cristina Rios, convidando-nos para escrever o prefácio do livro intitulado Humanização no Hospital das Clínicas: a nossa história. A Professora Izabel relata as visões plurais sobre o humano que se manifesta nas relações entre as pessoas, os sentidos atribuídos à humanização e as vivências pessoais de sua manifestação nos institutos que compõe o complexo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). O livro registra a história recente da humanização no HC, que começa com a criação da Rede Humaniza FMUSPHC em 2009, segue co