Falar de Saussure implica o risco de repetir interpretações já galvanizadas ou o abandono do texto saussuriano em prol de seus comentadores. Este livro se entrega a Saussure e evita esses dois riscos ao saber escutar a Psicanálise e ao se dedicar a devolver Saussure ao lugar de enigma levando a sério aquilo que, para Saussure, era enigma. Assim, o texto pode percorrer as elaborações de Saussure sobre a escrita, desde a “monstruosidade ortográfica”, passando pela abertura incessante dos anagramas até um certo impossível de escrever e um possível que se escreve à nossa revelia. Trata-se, portanto, de devolver a reflexão sobre a escrita aos descaminhos por onde passou Saussure, abandonando posições fáceis que colocam a escrita no lugar da representação e garantindo, assim, que aquilo que Saussure funda possa ser melhor compreendido na radicalidade de seu materialismo. [Lauro José Siqueira Baldini]