Ao longo de 30 anos, elas trocaram cartas reveladoras de um debate apaixonado sobre vida, criação e arte, ancorado em uma sólida e profunda amizade. Fayga Ostrower, gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, teórica da arte e professora, e Hanna Levy-Deinhard, professora, pesquisadora, historiadora e socióloga da arte, duas mulheres em plena posse de sua consciência artística e política, viveram experiências à frente de seu tempo, marcadas pelo exílio e necessidade de sobreviver com dignidade, mas também pelo afeto e determinação. Acompanhar esse diálogo através das 87 cartas escritas entre 1948 e 1979 é fazer uma viagem ao universo teórico e poético de Fayga e de Hanna. Nas cartas, vivemos com elas o entusiasmo pela arte, através de discussões e ideias sobre processos artísticos, estéticos ou concepção de aulas, mas também acompanhamos o cotidiano de duas intelectuais envolvidas com seus afazeres domésticos e suas famílias. Ambas refugiadas do nazismo e do antissemitismo, Fayga e Hanna trouxeram para o Brasil, cada uma a seu modo, a expertise e a inquietação intelectual de mulheres de definidas convicções políticas e inesgotável interesse cultural. Entendiam a cultura como instrumento de pensar o país e o mundo. Em constante reflexão sobre o sentido da arte e da vida e sobre aquilo que o ser humano tem de mais profundo, que é a sua capacidade de criar, Fayga e Hanna viveram a arte em tempo integral.