Um livro feroz e terno, onde a poesia morde e lambe. Fauna canibal compõe um bestiário contemporâneo, feminino e crítico, no qual a autora, Elaine Perez, transforma as violências cotidianas – contra mulheres, negras, pobres e marginais – em narrativas líricas de resistência. Em textos breves e simbólicos, que lembram prosas-poemas, surgem personagens como Mercedes, Joana, Oriana, Sofia, Cléo, Carmem e tantas outras figuras-mulheres que habitam a urbe e a mitologia, o concreto e o delírio. Um livro que sangra, respira e reluz Linguagem potente e imagética, em tom aforístico e poético. Narrativas breves que mesclam crítica social, mitologia e cotidiano. Foco em vivências femininas, racializadas e periféricas. Personagens arquetípicas e simbólicas em tramas de dor, superação e renascimento. Diálogo com Oxum, Iemanjá, Mama Cocha, e outras figuras de poder ancestral. Um manifesto lírico contra o apagamento A obra é um inventário do mundo pelo olhar das silenciadas, com cenas de abuso, exploração, abandono, preconceito racial estrutural, desigualdade social e apagamento simbólico. No entanto, Fauna canibal não é só denúncia: é também rito de transmutação, onde a palavra torna-se feitiço e o feminino emerge como força criadora e destruidora.