O fato de Escritas de si, escritas do outro estar chegando a uma quarta edição é motivo de celebração e é prova de sua relevância bibliográfica, não só no âmbito dos estudos literários, mas também entre pesquisadores em diferentes disciplinas das humanidades. Sendo marco de pertinência e resistência cravado no momento atual, a tese e depois o livro de Diana Klinger foram marcos notáveis em seu momento de origem, ao refletir de maneira autônoma e criativa sobre a situação epistemológica do literário, debate ainda atual. Mas mais que isso. Desde as décadas de 2000/2010, o foco na literatura contemporânea como forma de indagação crítica sobre o presente histórico tornou-se uma das mais fortes, senão a mais forte tendência nos estudos literários brasileiros. Essa guinada na ênfase do ensino literário abala a própria noção do objeto que lhe dá sentido, a literatura, optando-se pela abertura das formas em lugar dos modelos canônicos herdados da tradição. Entra-se na literatura contemporânea não pela erudição dos modelos passados e sim por suas conexões sociais e culturais. A figura do autor e a valorização e disseminação de discursos (auto)biográficos emergem na teoria e na prática da virada dos séculos 20 para 21 como produto desse clima desconstrutivo. Mas não se trata de uma volta às visões romântica, realista ou mesmo psicanalítica. O autor reemerge em diferença, incorporando o legado dos paradigmas anteriores, na medida em que aparece como figura construída/desconstruída no discurso ou entre discursos. Ao conceber o autor como performance textual, a tese e o livro, a tese do livro, situava-se no coração do estado da arte das ciências sociais e humanas.