A pandemia abateu-se sobre nós enquanto ainda lambíamos as feridas do atropelamento e fuga planetário de 2008. Sem darmos por isso, na refrega de todos os dias, úteis e inúteis, fomos perdendo muita coisa. Abdicámos da memória individual e colectiva, da proximidade com os outros, da privacidade. Desaprendemos de ver. Resta saber se a pandemia veio pôr a nu que também desaprendemos de amar. Dois casais de meia-idade, Cláudia e Álvaro, Irene e Carlos, vêem o mundo correr os taipais à sua volta e tentam cerzir um agasalho para se protegerem até que tome forma o mundo que há-de vir. Sónia, filha de Irene e Carlos, que regressa a Portugal, vinda de Itália, quando o vírus se espalha aos quatro ventos, ensaia gestos de resistência ao pânico infeccioso. Faz novos amigos, um pouco improváveis, percebe que talvez algumas respostas estejam no passado remoto. Enceta a busca de um amor para os novos tempos. Se o encontra ou não é algo que o leitor será o último a saber.