Dizer que o “realismo” possui “dimensões”, como faz o título deste livro, indica que não se trata de um conceito unilateral, de definição unívoca e sem nuances. O entendimento mais comum, que domina os manuais escolares e agrada ao mainstream acadêmico, é talvez a versão mais equivocada. Por um lado, apegam-se à ideia de realismo como escola de época, um estilo datado, que expressa certa visão de mundo (cientificista, patriarcal e estamental) já transformada, sem valor para o mundo contemporâneo; por outro, rebaixam a forma realista a um conjunto de preceitos rígidos e mecânicos de representação. Assim, o conceito de realismo seria inapropriadamente confundido com preceitos de apreensão imediata da realidade, o que é falso e passa por uma exacerbada simplificação.Os artigos reunidos nos dois volumes deste livro são resultados de conferências realizadas em dois simpósios dedicados ao tema na Universidade Federal de Minas Gerais: “Quem tem medo do Realismo?” (2014) e “Realidade e Realismo” (2017), esse último como parte do projeto Contradição: Programa de Formação do Pensamento Crítico. Esses simpósios se inserem na rotina de trabalho do Grupo de Pesquisa Formação, em atividade desde 2001, reunindo pesquisadores de diversas instituições do país.