(...) Gostaria de comentar os intensos poemas sobre a família, os poemas de nada óbvia sensualidade, abordar o tema das travessias (por terra, mar e astrológicas), a marcha das contravozes atravessando as páginas em itálico obsessivo, e, muito especialmente, gostaria de ficar me debruçando aqui sobre as muitas variações de luz ao longo do livro, como quem fica apenas olhando para o céu. Mas na impossibilidade de dar a ver toda a riqueza de temas e proposições desse livro (repito: excepcional) no espaço de uma apresentação, destaco apenas essa qualidade: a capacidade de nos abismar, de demonstrar que, devidamente observada, toda coisa tem seu pequeno abismo. De som e de sentido. Em cujo mar de derivas vale a pena mergulhar, e aprender a nadar.