Será que tudo me interessa Formulada de modo direto, a pergunta captura num átimo muito do que este livro de Thiago Camelo tem de mais forte e desconcertante. O gosto incontido pela especulação, o espanto com os rumos imprevistos do próprio pensamento, o ar desarmado de quem procura considerar as coisas e a si mesmo como se pela primeira vez. De tal maneira, que o leitor acaba por desconfiar se não entra nesse desaviso uma espécie de interpelação. Como se, ao expor sua perplexidade, o poeta chamasse a atenção para uma estranheza que desaprendemos a observar, dando a ver aquilo que nem sabíamos véu. Sempre a remoer suas paixões estranhas por assuntos estranhos, essa voz meditativa e dada ao devaneio tem fôlego de mergulhador e apetite de colecionista. Seus artigos de predileção são também recolhidos nas esquinas da cidade, que frequenta com desenvoltura, mas sua perambulação adentra territórios de ordem diversa. (...) - Miguel Conde