Crianças que não veem o sol apresenta ao leitor o universo inimaginável de uma enfermaria pediátrica onde, meninas e meninos que sofrem condições crônicas complexas de saúde passam por longos períodos de internação. As páginas deste livro mostram o que é esse passar o tempo entre grades e paredes hospitalares. Ao mesmo tempo, ressalta o importante investimento humano, profissional e tecnológico que subsidia a existência e a qualidade de vida dessas crianças e o quanto esse cuidado transforma a vida de quem os cuida. Embora sejam apresentados casos que carregam muito sofrimento, o livro conta belas histórias de amor e superação e revela os avanços da biotecnologia que, atualmente, amplia as possibilidades de viver com dignidade. Esta obra, premiada como a melhor tese na área de saúde coletiva do ano de 2022 pela Fiocruz, é considerada pelas autoras como parte de sua missão de promover reflexões e ações relacionadas ao cuidado com tais crianças e seus familiares. Mas seu escopo é mais geral: destina-se a todos os profissionais e estudantes do campo da saúde e aos cidadãos que prezam por um atendimento do SUS que leve em conta o indivíduo em toda a sua plenitude, ainda que precise contar com cuidados intensos e longos e apoio tecnológico. As mudanças no paradigma da saúde trouxeram a necessidade de um olhar mais ampliado para o cuidado de crianças que apresentam condições muito peculiares de saúde: dependem de tecnologia, medicamentos e tratamento multiprofissional diversificado para sobreviver. Essas condições, conceitualmente, são descritas como complexas. Condições complexas, cenário complexo. As autoras buscam compreender como é a vida das crianças em hospitalização de longa duração e todo o contexto de cuidado e tratamento que lhes é oferecido de forma interativa e interprofissional. Essepasseio é feito com leveza por meio de aspectos históricos do cuidado à criança, experiências de profissionais, famílias e casos de crianças submetidas a prolongados tratamentos.