Eu estava desnorteada. Eu afinal fora o motivo, mas não o prêmio da aposta! Sentia- me vagamente humilhada. O dinheiro e orgulho de apostador falará mais alto para aquele jovem fascinante do que a minha beleza e a minha pretensa força de sedução. Mas, como sedutora, não sou também uma jogadora, afinal? Eles iam se haver comigo. Eu faria Rôdo ganhar a aposta e ficaria tudo em família. Ou melhor, talvez por honra do jogo eu deveria cobrar uma comissão do prêmio final, em dinheiro, de meu irmão. Senti-me naquele momento como parte de uma quadrilha, e poeta que sou lembrei-me do quadro de Magritte que representa um violino de pé, na vertical, pousado sobre um colarinho postiço engomado, sobre uma mesa, e denominado: “Un peu de l’âme des bandits” (“um pouco da alma dos bandidos”) imagem com a qual me i dentificava naquele momento, naquela situação após a insólita revelação de jogo e mentiras tão perigosas. Marca: PRIMEIRO CAPITULO EDITORA