Catedral de ventos, de João Vitor Bentes, é um livro de poemas. Na verdade, é a tentativa de construção de um monumento; porém, os tijolos de tal monumento são de ventos. Muitos ventos sopram, poemas são erigidos e desabam, ruindo no esquecimento. Quando se erguem novamente, é sobre as ruínas daquilo que foram um dia no palimpsesto da memória. A obra está aí, para ser construída e desconstruída pelo leitor. Que este, com os próprios tijolos, erga o próprio monumento. Mas que não se engane: ainda que seja bela, quando feita de sopro, nenhuma catedral permanece de pé por muito tempo.