A autora constrói com habilidade a suas tônicas, a relações espaço-temporais, as significativas personagens, as tramas concisas. E em muitos momentos surpreende com a poética da sutileza, nas cenas do dia-a-dia, em mudanças vertiginosas no curso da existência, criando uma espécie de parêntese onde aflora de forma aprofundada uma só ação. A ironia é a ferramenta de Cissa. Com ela, narra histórias improváveis, mas absolutamente reais. Fala de pessoas fictícias, mas que moram bem perto de nós. Constrói conflitos quixotescos, mas perfeitamente comuns. E assim transita, na linha de Philippe Hamon, pela “polifonia do real”, por discursos latentes, submersos, subtendidos na fala aparente que, retomando a retórica clássica, consiste em dizer o contrário do que se pensa, mas dando-o a entender. Marca: CORAGEM EDITORA