As Cartas Apologéticas, de Gertrudes Margarida de Jesus, publicadas em 1761 pela Oficina de Francisco Borges de Sousa, em resposta ao texto Espelho Crítico do Irmão Amador do Desengano, publicado três meses antes, trazem uma das mais severas e inteligentes críticas contra a presunção da inferioridade feminina. A autora com ironia, alguma pitada de sarcasmo e exemplos vários, através de uma argumentação centrada no direito à cultura e à plena presença da mulher em um ambiente intelectual monopolizado por homens contesta a propagandeada superioridade do gênero masculino. As suas cartas estão incluídas na lista das poucas publicações de uma espécie de protofeminismo.