O narrador retorna ao Rio de Janeiro após anos no exterior. As ruas, as praças, os rostos reencontrados – e aqueles que se perderam no tempo – fazem emergir lembranças que nunca deixaram de arder em silêncio. A infância em Ipanema, as amizades improváveis, os amores interrompidos, os desencontros e a culpa formam o tecido de uma narrativa que oscila entre memória e presente, revelando a trama íntima de uma vida dividida entre viagens, desejos e afetos. A volta do arlequim é mais do que o relato de uma volta: é a exploração das máscaras que cada um veste para sobreviver às pressões da família, da sociedade e do próprio coração. Como o personagem da comédia italiana que dá título ao livro, o narrador se desdobra em papéis múltiplos – filho, amigo, amante, marido, estrangeiro –, buscando no vaivém dessas identidades uma forma de recompor sua história. Jorge Sá Earp constrói um romance em que a memória não se limita a recuperar fatos, mas funciona como lente capaz de iluminar tensões sociais, políticas e afetivas. O autor reafirma aqui sua habilidade de articular intimidade e reflexão, lirismo e ironia. A volta do arlequim é, ao mesmo tempo, confissão e ficção, reencontro e invenção — um romance em que cada página revela que o passado, longe de estar morto, é a máscara mais persistente que carregamos. Marca: Não Informado