Nesta série de poemas em prosa, Marcos Siscar estabelece um diálogo com a escultura Pietà Rondanini (c. 1552-64), obra inacabada do grande mestre do Renascimento italiano, Michelangelo. Os poemas incorporam a tensão presente nessa Pietà que, vista de certos ângulos, permite uma leitura dupla: afinal, quem leva quem nos braços? É ela que o acolhe ou ele que a carrega? Quem diz o quê para quem? Até onde vai o corpo de um e o de outro? Se o morto fala com a viva e a viva com o morto, como se dá a comunicação? A partir de uma leitura dessas formas que nascem do mármore, A viva encena um vaivém entre dois e caminha na direção de vozes que se alternam, se tocam, se deslocam, se confundem e buscam nomear o que está vivo e resiste, na linguagem, no diálogo, entre as brechas Marca: CIRCULO DE POEMAS