Madame De Genlis (1746-1830) Viveu Mais De Oitenta Anos Uma Vida Dividida Em Duas Épocas Sociais E Literárias Separadas Pela Revolução; Ela Multiplicou As Formas De Escrita; Ela Era Mulher. Esses Três Aspectos São Razões Suficientes Para Minorar A Importância De Um Escritor, Seja Qual For O Valor Que Lhe Tenham Dado Seus Contemporâneos. Desde O Início Desse Século, Porém, À Medida Que A Narrativa Produzida Pela História Literária Se Torna Objeto De Incessantes Discussões Que Contestam Sentenças Proferidas No Passado, Esses Mesmos Aspectos Agem Em Sentido Inverso E, Pouco A Pouco, Os Estudiosos Lembram-Se De Que Stéphanie-Félicité De Genlis Existiu E Aprendem A Situá-La E A Caracterizá-La. O Período Que Vê Operar-Se A Misteriosa Passagem Das Luzes Ao Romantismo Torna-Se Um Lugar De Investigação Considerado, As Classificações Genéricas Incontestáveis Tornam-Se Questionáveis E Os Escritos De Mulheres Beneficiam-Se De Terem Sido Tão Ultrajantemente Negligenciados Até Então E São Reabilitados Como Objetos Dignos De Atenção. Madame De Genlis Mulher Escritora Que Escreveu Sobre Mulheres Escritoras, Mulher Que Dedicou Toda Sua Vida À Escrita Para Difundir Um Saber Múltiplo E Uma Visão De Mundo Coerente Não Pode Deixar De Atrair A Atenção Nem De Motivar O Estudo De Sua Obra.A Mulher Escritora É Uma Novela Sentimental Em Que Se Alia À Análise Do Sentimento Amoroso A Descrição Dos Mínimos Acontecimentos (Olhares, Suspiros, Esperas, Conversas, Cartas, Poemas...) Que Cadenciam A Vida Das Personagens. Madame De Genlis Oferece Ao Leitor Um Retrato Fugaz, Mas Justo, Da Alta Aristocracia Que Frequenta A Versalhes De Luís Xvi E Evoca As Múltiplas Restrições De Um Mundo No Qual A Conduta Das Mulheres É Incansavelmente Observada, Comentada, Admirada Ou Censurada.