A menina que me visita oferece um convite à delicadeza e à percepção sutil das presenças e ausências que moldam nossas vidas. Lucia Fonseca transforma com habilidade o cotidiano em matéria literária, explorando os pequenos assombros, as visitas inesperadas – sejam elas de pessoas, memórias ou sensações – e as lacunas que ecoam em nós. Com uma escrita envolvente e um olhar minucioso, Lucia nos conduz por histórias que transitam entre a introspecção e o realismo, sempre com uma sensibilidade que captura o instante e o expande. Em “Janelas”, a narradora percorre suas lembranças por meio das aberturas que separam e conectam o mundo interno e externo, entre a infância e o presente, o visível e o imaginado. “A professora de aquarela” acompanha o encantamento e as frustrações de uma aluna que deseja transcender o mero aprendizado técnico para alcançar a essência da arte. Em “A máquina”, a relação obsessiva de uma pesquisadora com seu espectrômetro de ressonância magnética revela uma simbiose inquietante entre humano e tecnologia, onde a dedicação absoluta ao trabalho se entrelaça com a solidão e a passagem do tempo. “Ainda Paris” reflete sobre o tempo e o envelhecimento compartilhado. Lucia Fonseca constrói narrativas que oscilam entre o poético e o filosófico, ora sutis, ora arrebatadoras, sempre marcadas por uma prosa que se desenha com naturalidade e precisão. Em suas páginas, janelas se abrem para paisagens externas e internas, espelhos multiplicam imagens até o infinito, máquinas se tornam extensões do humano e a rotina ganha novas nuances. Entre o tangível e o etéreo, A menina que me visita nos lembra que a literatura, assim como a vida, é feita de encontros e desaparecimentos. Cada conto é uma fresta por onde vislumbramos instantes de beleza, mistério e reconhecimento de nós mesmos no outro. Marca: Não Informado