Pondo em xeque a utilização corrente do diagnóstico de dislexia para distinguir crianças cujo aprendizado da escrita difere do padrão, Giselle Massi apresenta neste livro um ponto de vista inovador. Ao analisar casos de alunos considerados disléxicos, a autora demonstra como é frágil e arbitrária a definição dessa suposta patologia, a qual pautada em explicações genéticas, neurológicas, metabólicas, entre outras permite que análises do processo de apropriação da escrita permaneçam restritas à esfera individual. Para embasar seu estudo, dialoga com um sólido corpo teórico de fundo sócio-histórico, convocando vozes de autores como Vygotsky e Bakhtin para sustentar sua argumentação de que a apropriação da escrita, como a de qualquer prática de linguagem, constitui-se em espaços de interlocução entre um eu sujeito-aprendiz e um outro sujeito-mediador, mergulhados em relações sociais.