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O pedido de desculpas do Papa João Paulo II pelos erros da Igreja Católica no passado foi o ponto de partida de O Vaticano e os Judeus. Junto com as desculpas, veio a autorização para que os arquivos secretos do Vaticano fossem abertos a pesquisadores. O professor David I. Kertzer foi um deles e o que encontrou comprova como os papas permitiram, e às vezes estimularam, o surgimento e o fortalecimento do anti-semitismo na Europa, muito antes de Adolf Hitler e sua fatídica "solução final". Segundo o autor, chegou para a Igreja "a hora de encarar o seu próprio passado constrangedor".
No caso do livro, esse passado se situa principalmente no século XIX, quando os judeus finalmente puderam viver fora dos guetos e ter uma participação ativa na sociedade, adquirindo direitos civis e assumindo principalmente posições dentro da economia, já que havia uma série de restrições para outras atividades. Nos guetos, os judeus "deviam ser mantidos em quarentena social, para não infectar a população cristã". O uso de distintivos e a proibição de circular fora dos guetos já antecipavam e muito as leis nazistas.
Com o fim dos Estados papais naquele século, a Igreja foi perdendo prestígio e força. O autor mostra como os judeus foram escolhidos como os "bodes expiatórios" dessa nova realidade, impregnada de mentiras divulgadas principalmente pela imprensa católica, entre elas a do assassinato ritual judaico, no qual crianças católicas teriam seu sangue retirado para diversas cerimônias. A prática também foi conhecida como "libelo de sangue".
Entre outras acusações menos bizarras, estava a de que os judeus planejavam uma grande conspiração mundial, idéia que foi abraçada mais tarde pelos nazistas. Conta Kertzer que o movimento Cristão Social, apoiado pelo Vaticano, foi um dos mais fervorosos defensores do anti-semitismo na Áustria da virada do século, justamente o período em que o austríaco Hitler viveu sua infância e adolescência.
Nos documentos encontrados pelo pesquisador, um dos mais significativos de tudo o que ele diz no livro é a encíclica do Papa Pio IX, de 1864, quando ele usa a expressão "sinagoga de Satã", que teria como objetivo "sujeitar a Igreja de Deus à mais cruel servidão [...] e, se possível, fazê-la desaparecer completamente da face da terra".
O autor menciona, no entanto, autoridades religiosas católicas que eram contra este tipo de pregação, como o Papa Pio XI, argumentando, por uma questão lógica, que a Igreja deveria pregar uma mensagem de amor e caridade, e que o próprio Jesus era de família judaica. Isso de nada adiantou, pois os arquivos que serviram de base para este livro comprovam que o estrago já estava feito. E teria como principal consequência o extermínio de seis milhões de judeus pelos nazistas.